A caderneta de cromos

A caderneta de cromos
“Quando recrutamos alguém é fácil sentirmo-nos responsáveis por aquela pessoa. Quando acreditamos nas oportunidades que estamos a propor e nos valores que nos levam a ter sucesso, sabemos que ao recrutar uma pessoa estamos a possibilitar um momento de transformação.”

Quando abrimos a primeira loja da RE/MAX Latina, em 2003, passámos o primeiro ano a recrutar. Na altura as lojas da RE/MAX tinham em média dez pessoas, era um negócio muito familiar. No final do primeiro ano nós tínhamos recrutado sessenta e cinco pessoas. Nem todos ficaram, mas posso dizer que, vinte anos depois, 10% dessas pessoas ainda trabalham connosco.

O mercado imobiliário é um negócio de pessoas e de números – e um dos indicadores de sucesso de uma loja é o número de pessoas que lá trabalham. Uma loja cresce com cada consultor imobiliário que se dedica a fazer prospeção, a angariar casas e a trabalhar para conseguir as melhores oportunidades para os seus clientes.

Se tens uma equipa com poucas pessoas, qualquer desvio pode perturbar o negócio. Com uma equipa maior, estás menos dependente de alguém que parte uma perna ou tem um ano menos bom.

A força de uma equipa vem da força de cada vendedor. Se tens mais angariações, se trabalhas com mais compradores, se tens mais gente a dar a conhecer a marca, o teu negócio vai florescer e ganhar escala. Há um número, pode ser vinte, pode ser trinta, em que as sinergias criadas por uma equipa robusta vão catapultar o teu negócio.

Mas há quem não recrute porque acha que mais gente traz mais confusão, mas é essa energia que vai trazer mais vida a uma loja, mais prémios, mais negócios. Os conflitos podem surgir, mas resolvem-se com regras e com um código de ética que norteie a forma como são feitas as coisas.

Há quem não recrute porque acha que a maioria dos vendedores desiste no primeiro ano. Mas recrutar pessoas é como colar cromos numa caderneta. Nós colamos os cromos, o tempo passa, e há uns que caem e outros que ficam. Qual é a diferença entre os que caem e os que ficam? Não faço ideia. Há mais de vinte anos que trabalho nisto e ainda não sei.

Quando recrutamos alguém é fácil sentirmo-nos responsáveis por aquela pessoa. Quando acreditamos nas oportunidades que estamos a propor e nos valores que nos levam a ter sucesso, sabemos que ao recrutar uma pessoa estamos a possibilitar um momento de transformação. Mas se uma pessoa tem tudo para dar certo, tem a preparação, fez os cursos, tem um bom ambiente de trabalho, e mesmo assim a coisa não resulta, temos que tirar esse peso de cima de nós.

O trabalho de quem recruta é colar os cromos na caderneta e deixar o resto nas mãos do criador. O nosso trabalho é dar a oportunidade, é colar o cromo e continuar a colar. Se a pessoa não fica é porque o caminho dela não era por aqui.

Recrutar pessoas é multiplicar os momentos em que vemos o sorriso de quem fez a sua primeira venda ou a sua primeira angariação. Recrutar pessoas é dar oportunidades, é ajudar a crescer e é sentir o alívio de quem consegue dar a volta a situações de vida difíceis e começa a ganhar independência e a poder tomar decisões para o seu futuro.

As pessoas são a essência do nosso negócio: é para elas que trabalhamos, é com elas que trabalhamos, é com elas que crescemos.