Onde é que passas as horas do teu dia? Onde é que a tua vida acontece? No passado, no presente ou no futuro?
Lembrar é viver no passado, é uma visita à biblioteca que guarda as nossas memórias, boas e más. Se a visita é prolongada, ficamos presos às coisas que aconteceram, perdemo-nos nas recordações.
Quando ficamos presos lá atrás, estamos sujeitos a viver o que aconteceu uma e outra vez. Se perdemos alguém que nos era querido, voltamos a perdê-la, se fomos magoados, voltamos a viver essa dor, se carregamos histórias pesadas, elas repetem-se na nossa cabeça. Se ficamos muito tempo no passado, até as coisas boas se tornam amargas, contaminadas pela sua ausência.
Viver em função de algo que aconteceu no passado é ser escravo do tempo. Viver no passado é mergulhar na melancolia e na depressão.
Sonhar é viver no futuro. O tempo futuro é ambição, crescimento, transformação. São os meus projetos, os meus objetivos, a direção que quero dar à vida.
Mas ficar muitas horas a sonhar, a imaginar os cenários que podem acontecer, provoca stress e ansiedade. E se não angariar a casa? E se não atingir o objetivo? E se correr mal? E se não for capaz?
Se nos perdemos no que pode vir a acontecer, estamos a pôr a nossa energia na preocupação, o que não nos leva a lado nenhum – é como estar a pôr gasolina num carro que não anda.
No Livro do Desassossego, Fernando Pessoa diz «Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades.»
O único carro que conseguimos conduzir e que nos leva a algum lado é o presente.
O sucesso acontece quando vivemos no presente, no agora. As tarefas de alta rentabilidade são as que posso fazer agora. Os desencontros da vida acontecem quando não nos focamos nas coisas que temos para fazer hoje.
É certo que tenho que passar algum tempo a planear. Posso passar 10% do meu dia no futuro. Vou imaginar, vou desenhar como quero que seja o dia de amanhã, o próximo ano, a minha vida. Passo uma pequena parte do meu tempo a pensar como vou conseguir fazer aquilo a que me proponho, sem exagerar. Se passo dias seguidos perdido no que vai acontecer, no que pode acontecer, vou cair na ansiedade e perder o tempo precioso que tenho para fazer acontecer o que eu quero que aconteça – o agora.
Também tenho que passar algum tempo no passado. Vou olhar para a minha experiência, para as coisas que não correram como eu queria, em que o resultado não foi o melhor, e vou aprender com elas. Vou dar as boas-vindas aos erros passados porque me tornaram mais forte, porque me fizeram ver algo que antes não via. Vou lembrar-me de vitórias passadas para me inspirar para vitórias futuras. Sem exagerar.
Posso passar 10% do meu dia no passado, a estudar os caminhos que funcionam e os que não funcionam, a olhar para os números do ano anterior, a tirar ilações, a aprender, a inspirar-me.
O resto do tempo passo-o no agora. Faço o que tenho que fazer, estou presente nas tarefas que tenho que fazer neste momento. Quando estou com os meus filhos, estou com os meus filhos, não estou a pensar na escritura que vou ter amanhã. Quando estou com um cliente, estou a ouvi-lo, não estou a pensar no que vou dizer a seguir ou no trabalho que me espera no escritório.
Quando vives no agora, a fazer as coisas que tem que ser feitas, não deixas espaço para a melancolia, nem para a ansiedade. É no momento presente que encontras a magia da abundância, da riqueza de espírito e da riqueza material. É aqui e agora que consegues viver o teu propósito.