No dia em que pensei que ia morrer, sentado na sala de observação do hospital, com febre e alucinações, tive a certeza que ia sofrer as consequências de fumar dois maços por dia – achei estava com um cancro do pulmão e que já não ia sair dali.
Quando, no final do dia, o médico me disse que eu tinha uma pneumonia, ouvi aquilo como uma mensagem de Deus a dar-me uma segunda oportunidade, e transformei esse episódio num momento de mudança, dei-lhe outro significado. Nesse dia decidi que queria viver uma história diferente e fiz a coisa mais difícil que já fiz na minha vida: deixei de fumar.
Em Dezembro passado estive doente duas vezes. Quando voltei do Brasil estive com uma gripe fortíssima – a gripe A, e no final do ano estive com Covid-19. Lá em casa ficou toda a gente infetada, e foi uma experiência horrível.
Passou pouco tempo, mas já consigo perceber que estes episódios trouxeram com eles uma mensagem, como quando passei aquele dia no hospital, como se Deus tivesse vindo conversar novamente comigo.
Uma ideia é uma semente, e para funcionar, temos que a colocar na terra; e a terra transforma-a. É como o sémen – ele sozinho não produz vida, tem que fecundar um óvulo e fixar-se num útero. No útero, o ovo transforma-se durante nove meses, e produz vida.
Acho que estes vírus são como sementes, e que para se desenvolverem precisam de terra fértil, precisam de encontrar as condições certas: a doença, o excesso de peso, o estilo de alimentação, a falta de exercício. Os quilos que tenho a mais, a alimentação que faço, o lixo que tenho cá dentro, tiram-me energia, e são condições favoráveis para o desenvolvimento da doença, e possivelmente fizeram com que o vírus da gripe A e a Covid tivessem um impacto maior e fizessem mais mossa.
Vai haver um antes e um depois da Covid. Sinto que este momento vai ser mais um marco de mudança na minha vida, que a partir dele estou a criar uma história nova sobre como quero viver a minha vida, como a que comecei a contar no dia em que deixei de fumar.
Decidi que vou reduzir a quantidade de lixo que ponho para dentro de mim. Vou transformar a comida em energia, em alimento, e não em toxinas.
Comer deve servir para repor a energia gasta, e não como cura emocional, que é o que acontece quando nos agarramos aos chocolates, às batatas fritas, à cerveja, para nos distrairmos das frustrações do dia-a-dia e das nossas debilidades.
Jim Rohn disse: «Toma conta do teu corpo. É o único sítio que tens para viver». Este é o meu corpo, e é o único sítio que tenho para viver. O meu estilo de vida, a alimentação que faço, a quantidade e a qualidade dos alimentos que vou ingerir, vão ser escolhidos para me dar energia, e não para poluir o meu corpo. Assim, quando surgir a adversidade, quando surgir a doença, quando surgir um vírus, ele não vai ter em mim terra fértil para crescer.