O nascimento de uma estrela

O nascimento de uma estrela
“No recrutamento, cabe-nos ver o real valor das pessoas, ver o que as pessoas não vêem em si.”

No meio das minhas viagens ao Brasil em 2018, numa altura em que passava três semanas por mês do outro lado do Atlântico, houve um voo que ficou gravado na minha memória.

Naquele dia estava a caminho do kick-off anual do grupo da empresa do Estado de Minas Gerais. Tinha já idealizado o assunto sobre o qual ia falar no evento e resolvi ver um filme, O Nascimento de uma Estrela, com o Bradley Cooper e a Lady Gaga. As dez horas de Lisboa a Belo Horizonte serviam muitas vezes como uma pausa no meio da agitação daqueles dias.

No filme, Jack é um cantor famoso e alcoólico que uma noite, depois de um concerto, entra num bar para se abastecer. Ally aparece no palco a cantar La vie en rose e Jack fica encantado com a voz dela. Os dois acabam a beber um copo e começam uma relação. Ele vê nela algo que ela não consegue ver em si própria e convida-a para cantar num dos seus concertos, em frente a milhares de pessoas, num momento que se torna o primeiro de uma carreira de sucesso.

Há um ponto no filme em que eu começo a chorar. Não era uma cena particularmente dramática, mas as lágrimas não paravam de cair. Foi uma reacção exagerada, que me surpreendeu. Reflecti depois que a minha vida é procurar estrelas, ver nas pessoas o que elas não vêm em si mesmas. Ao ver o filme, percebi que aquele papel também era meu: perceber que as pessoas são capazes, mesmo quando me dizem isto das vendas não é para mim ou eu não vou conseguir. Tenho o privilégio de ver, antes que elas vejam, de acreditar, antes que elas acreditem. O momento foi tão intenso que em Belo Horizonte fiz um evento em que usei a música do filme e onde partilhei com os brokers o que tinha sentido e vivido na minha viagem.

O fundador da RE/MAX disse uma vez que seria ainda mais milionário se conseguisse comprar as pessoas pelo que elas acham que valem e depois vendê-las, mais à frente, pelo seu real valor. No recrutamento, cabe-nos ver o real valor das pessoas, ver o que as pessoas não vêem em si. A nossa missão é encontrar estrelas, estar atento aos talentos que se escondem, ver mais além, acreditar, mesmo quando as pessoas não acreditam ou acham que não merecem.

E como é que sabemos em quem acreditar? Quando me perguntam a que atributos devemos estar atentos, como é que distinguimos as pessoas que podem ter sucesso nas vendas, a minha resposta é simples: todos podem. Cada vendedor é único e tem algo particular que, com trabalho e vontade, lhe permite concretizar os seus objectivos, ir mais além. Pode ser comunicativo ou tímido, organizado ou descontraído, corajoso ou cuidadoso, sério ou divertido. O princípio primordial é que todos podem ser estrelas e muitas vezes só é preciso alguém que acredite, que aposte, que dê uma oportunidade, para que elas possam brilhar, como Ally em cima daquele palco.