A vida é feita de altos e baixos, é uma montanha-russa que nos faz subir até ao pico dos sucessos e nos faz cair até ao fundo das desgraças.
O sucesso e o fracasso afetam-nos de formas diferentes. O sucesso puxa-nos para cima e reforça a nossa confiança, mas quando é demasiado deixa-nos cegos para as nossas falhas e torna-nos arrogantes. O fracasso torna-nos humildes, ensina-nos a pedir ajuda, mas também destrói a nossa autoconfiança e a nossa capacidade de ter esperança.
Na tua carreira profissional vais ter momentos complicados, em que tudo corre mal. Vais-te cruzar com pessoas negativas, que minam o caminho que queres fazer. Vais encontrar circunstâncias adversas no mercado, na empresa e na vida pessoal. A adversidade pode ser tão forte que te deixa cair, ou pode ser o estímulo que precisas para ir à luta e dar a volta à situação.
Por outro lado, podes atingir níveis de sucesso tão abundantes que passas a ser uma inspiração para os outros, alguém que mostra que é possível voar mais alto. Ou então ficas cheio de ti e passas a fazer parte dos que chegam à primeira divisão, seja do futebol, da imobiliária, seja de que carreira for, e que cai porque acha que é superior aos outros e fica toldado pela arrogância.
Dançamos por entre as vitórias e as derrotas, e o que nos equilibra é saber que nada dura para sempre – nem o mau, nem o bom.
Tudo passa, e por isso de nada vale agarrares-te ao momento em que atinges os teus objetivos, em que chegas a número um e está tudo espetacular. Se te apegas às conquistas, começas a ter medo de perder o que conquistaste e a alegria transforma-se em insegurança e ansiedade.
Tudo passa, e por isso de nada vale desesperar quanto bates no fundo, porque esse pode ser o momento em que ganhas impulso para vir novamente à superfície.
O caminho faz-se nesta bipolaridade, num sobe e desce em que a única constante é a mudança. E é meio caminho andado se tiveres a inteligência emocional para perceber isto, para lidar com isto, para não te deixares cair na soberba, no desespero, no drama do sucesso ou no drama do insucesso.
Os budistas equiparam o sofrimento humano à ideia de nunca estarmos satisfeitos, de precisarmos de ter um sentimento de apego ou de aversão em relação às coisas do mundo. Eu fico feliz quando o Sporting ganha e sofro quando o Benfica ganha – multiplicado por todas as pequenas decisões que faço ao longo da vida e que definem a minha personalidade.
E se não fizesse diferença? Não no sentido de ser indiferente ao que se passa no mundo, mas no sentido em que sabemos que tudo passa e por isso não nos deixamos arrastar pela onda negativa ou positiva que normalmente leva tudo à frente.
Ao entrar nesta dança sem medo do que aí vem, ao criar espaço entre a tua intenção e o teu esforço e os teus resultados, podes observar essa onda ou até surfá-la, mas deixas de ser enrolada por ela.
Se a vida é uma montanha-russa, podes sofrer nas descidas e ficar aliviado nas subidas – mas também podes recostar-te no banco e apreciar a viagem com todos os seus altos e baixos.