Acertar o passo

Acertar o passo
“Se estiveres fechado, fixo numa forma de estar, sem fazer um esforço de chegar até ao outro, vais perder muitas oportunidades. Para chegarmos a muita gente, temos de ser como muita gente, temos de ser maiores.”

Sou acelerado por natureza e se não tiver cuidado, atropelo as pessoas. Quando estou no meu ritmo natural, não é fácil trabalhar comigo.

Cada pessoa anda ao seu próprio passo, uns são mais lentos, outros são mais rápidos. Todos temos dias em que estamos mais acelerados e outros em que precisamos de mais tempo para fazer as coisas, e temos momentos em que nos sentimos com mais energia e outros em que estamos mais quietos.

O corpo dá-nos pistas sobre o ritmo em que vivemos: o bater do coração, a respiração; e a natureza vive do pulsar das mudanças, nasce e põe-se o sol, mudam as estações, as marés sobem e descem.

Quando estamos com uma pessoa que amamos, os batimentos cardíacos e a respiração sincronizam-se, mas quando estamos com outras pessoas nem sempre os nossos ritmos se alinham naturalmente.

No trabalho em equipa, é crucial perceber que os outros podem funcionar a uma velocidade diferente da nossa. E é bom que existam pessoas com ritmos diferentes: os que falam mais depressa, os que falam mais devagar, os que precisam de tempo para avaliar as situações, os que preferem uma ação imediata – o valor de uma equipa vem da diversidade das pessoas que a compõem.

No trabalho com clientes, estar atento à cadência das palavras da pessoa que está à nossa frente e perceber a velocidade com que ouve e responde às perguntas que fazemos é uma parte importante de compreender quem o cliente é e como se vai comportar num processo de venda.

Na programação neurolinguística ensina-se que uma das formas de gerar rapport e empatia é espelhando o outro. Fazemos isso naturalmente quando estamos interessados em conhecer alguém e quando estamos com alguém com quem temos empatia.

Ao chegarmos junto de um cliente com a intenção de criar uma relação a longo prazo, podemos usar esta técnica para ajudar a criar essa relação: focamos a nossa atenção nos ritmos do outro e pouco a pouco, acertamos o passo com o do cliente.

Num primeiro encontro, podemos começar por ajustar a nossa velocidade à do cliente, espelhar a respiração, falar mais depressa ou mais devagar, alinhar o ritmo com o dele, num movimento de sintonia.

Quando estamos com alguém que fala mais depressa ou mais devagar que nós, e insistimos em manter o nosso ritmo, é mais provável que haja fricção, que um de nós se impaciente ou se aborreça.

Se estiveres fechado, fixo numa forma de estar, sem fazer um esforço de chegar até ao outro, vais perder muitas oportunidades. Para chegarmos a muita gente, temos de ser como muita gente, temos de ser maiores.

Eu aprendi a respeitar mais o ritmo das outras pessoas, e isso ajudou-me a compreendê-las melhor. Não dá para caminhar lado a lado com outra pessoa se não acertamos o passo com ela, e ela connosco. Respeitar a diferença e ir ao encontro do ritmo dos outros é um passo acertado para criar qualquer relação de longo prazo.