Para ter sucesso é preciso uma certa dose de irreverência: se fizermos as coisas exatamente como os outros as fazem, nunca nos vamos diferenciar, nunca nos vamos destacar do pelotão. Não me refiro à irreverência definida como falta de respeito, mas como a contestação em relação a regras ou a situações estabelecidas.
Um dos princípios da arte da persuasão de Cialdini diz que quando tomamos uma decisão importante, temos a tendência de seguir o rebanho. Se eu quiser vender um Mercedes Classe C, posso usar o argumento de que, pela segurança e pelo status, a maioria das pessoas em determinada faixa etária está a comprar Mercedes Classe C. Este tipo de argumento funciona porque há um certo conforto em saber que algo que resultou para tantos outros poderá resultar para mim.
Esta é uma tendência que vem dos nossos genes. Se um leão ataca uma manada de zebras em Masai Mara, no Quénia, a manada reage e foge em bloco, e é muito difícil o predador apanhar a presa. A zebra isolada é comida pelos leões.
Como as zebras, nós temos um instinto para seguir a manada, para ficar na nossa zona de conforto. No seu limite menos saudável, este instinto faz-nos acatar regras que merecem ser questionadas e avançar sem refletir se aquele é o melhor caminho para nós e para a sociedade que idealizamos.
É preciso ter coragem para ser irreverente e ter força para ir contra a opinião da maioria – e é preciso acreditar que a sorte vai proteger os audazes.
Numa empresa, um ponto de vista discordante pode ser o fio que ajuda a desenrolar o novelo, pode ser uma nova solução para um problema antigo.
Numa equipa, a irreverência acontece quando as pessoas se sentem seguras e reconhecidas, e existe uma cultura que promove a partilha de ideias diferentes e discordantes. Pode ser mais confortável ter uma equipa em que todos concordam, em que não há discussões, mas essa é a melhor forma de perder a riqueza que vem de trabalhar com pessoas que sabem pensar por si.
Criamos um espaço seguro ao cultivar um mindset de crescimento, em que respeitamos e abordamos com curiosidade as opiniões e perspetivas diferentes da nossa, diferentes do status quo. Trabalhamos no pressuposto de que se alguém tem a coragem de propor um caminho diferente do resto do rebanho, é porque essa pessoa se importa e refletiu sobre a melhor forma de chegar ao destino; e sabemos que a discussão saudável vai ajudar a encontrar melhores formas de fazer as coisas.
Num século em que tudo muda a uma velocidade vertiginosa, o sucesso de muitos negócios passa pela capacidade de identificar e de se adaptar a novas tendências – e isso torna-se mais fácil quando já existe uma cultura que respeita a diferença e que não se agarra às tradições só porque sempre se fez assim.
Ser irreverente não significa tratar os clientes por tu ou dizer “lol”, é muito mais que isso. É ter pessoas que estão continuamente a alargar a sua zona de conforto e a zona de conforto da equipa, da empresa e da sociedade. Uma empresa irreverente cresce a partir da confiança, em vez do medo, desafiando-se em cada momento.
No seu limite menos saudável, estes desejos de aprovação e de segurança, fazem-nos acatar regras que merecem ser questionadas, fazem-nos seguir o rebanho sem refletir se aquele é o melhor caminho para nós e para a sociedade que idealizamos.
A irreverência é uma porta aberta por onde entram novas ideias e por onde saem convenções ultrapassadas e tradições que já não fazem sentido. Numa equipa, uma opinião discordante pode ser a ponta do fio que ajuda a desenrolar o novelo, pode ser uma nova solução para um problema antigo.
É preciso coragem para ser irreverente, é preciso força para ir contra a opinião da maioria, para resistir à pressão de grupo. Para sermos irreverentes de uma forma construtiva, precisamos de estar muito conscientes do nosso propósito e dos valores que regem o nosso trabalho.
É também um desejo de validação social, em que consideramos adequado um comportamento quando este é seguido pelos outros.