Arriscamos?

Arriscamos?
“Se fores como eu, e estiveres sempre pronto para ir à aventura, procura alguém que te traz estabilidade. Eu tenho na minha equipa alguém que é capaz de me dizer «este ano não vamos abrir mais lojas». É neste equilíbrio que vamos funcionando.”

Um dos dilemas do ser humano é precisar de segurança e desejar ter liberdade.

Há pessoas que procuram uma vida estável e segura e pessoas para quem a liberdade é o valor mais importante. Há alturas da vida em que um é mais importante que o outro. Há momentos em que temos demasiada segurança e começamos a aborrecer-nos e momentos em que a liberdade é tanta que começamos a sentir a falta de alguma estabilidade.

Na vida profissional a grande diferença entre estes dois estados vem do facto de que os empregos mais seguros normalmente são os que dão menos rendimento. Ter um salário fixo ao fim do mês é como ter o nosso dinheiro no banco, num depósito a prazo, está (mais ou menos) garantido. Podemos contar com ele se fizermos o que temos a fazer e se não houver nenhuma crise.

Mas como no depósito a prazo, a rentabilidade de um trabalho assalariado é muito baixa – quando comparamos com outros tipos de investimento e de carreira.

A rentabilidade cresce em proporção ao risco. Mas falar de risco não é só falar de tudo ou nada, de apostar tudo por um sonho ou de nunca querer arriscar – há muitos patamares intermédios. E o nível certo de risco para cada um de nós dá-nos a possibilidade de voar mais longe.

Se estás a criar uma equipa de vendas, lembra-te deste paradoxo, e procura quem queira voar. Procura quem busca o rendimento, os prémios, os sonhos, a descoberta, a competição, o reconhecimento, a recompensa. Procura os loucos que querem ir à aventura.

Mas não te esqueças de encontrar também os que sabem ficar, com os pés bem assentes na terra. Se fores como eu, e estiveres sempre pronto para ir à aventura, procura alguém que te traz estabilidade. Eu tenho na minha equipa alguém que é capaz de me dizer «este ano não vamos abrir mais lojas». É neste equilíbrio que vamos funcionando.

Mas foi saindo das muralhas e enfrentando os perigos que se descobriram novos mundos, também foi experimentando novas formas de cultivo que se desenvolveu a agricultura. Ter a possibilidade de experimentar coisas novas e de usar a nossa criatividade é útil para quem vai à procura de novos mundos e para quem fica a cuidar da tribo.

Se na tua equipa adotares um mindset de crescimento, de experimentação, vais potenciar abordagens inovadoras, vais descobrir novas formas de trabalhar. Se cultivares um espírito de «vamos ver o que acontece», crias o espaço para descobrir novos públicos para os teus serviços e novas abordagens de trabalho com os clientes. E quanto mais arriscares, quanto mais experimentares coisas novas, mais confortável te vais sentir nesse papel.

Na escola aprendemos que cada pergunta tem apenas uma resposta certa e somos avaliados pelo número de vezes que acertamos. Aprendemos que falhar tem sempre implicações negativas.

Mas se soubermos aprender com as experiências que não correm tão bem, se tivermos abertura para partilhar os nossos erros para que todos possam aprender com eles, criamos uma equipa muito mais forte. Os falhanços ensinam-nos muito mais do que os sucessos e é neles que nascem as sementes da inovação.