Com fé é mais fácil

Com fé é mais fácil
“Com fé, acreditamos que conseguimos, que é possível. E isso disponibiliza-nos recursos que, de outro modo, não conseguiríamos aceder.”

Durante anos arranjei desculpas para não ir a Israel. Os colegas da RE/MAX convidavam-me regularmente, e eu adiava sempre o momento de ir. Para mim, Israel era sinónimo de guerra, do conflito com a Palestina, de guardas armados, de notícias de violência e destruição.

Em 2016, o convite chegou novamente e os colegas israelitas insistiam, queriam que aquele fosse o ano em que finalmente ia lá. O meu dilema desfez-se quando, no dia 10 de Julho, Portugal se sagrou Campeão Europeu.

A partida final foi uma loucura. Jogámos contra os franceses, na casa deles. Ronaldo jogou lesionado, entrou e saiu, por duas vezes, e não conseguiu terminar o jogo. Éder, que ninguém conhecia, entrou no jogo e, já no prolongamento, fez um remate do meio campo que nos tornou campeões.

Foi a primeira vez que Portugal ganhou o Campeonato Europeu e a alegria espalhou-se por todo o lado. Foi um espectáculo intenso, quase sobrenatural, mágico.

Depois do jogo, na conferência de imprensa, o seleccionador de Portugal, Fernando Santos, pede para ler uma carta que tinha escrito semanas antes. Este homem pragmático, um engenheiro, leu, emocionado, um texto em que dedicava a Deus a vitória conquistada. A carta agradecia-Lhe por o ter convocado e lhe ter concedido o dom da sabedoria, da perseverança e humildade para guiar a equipa.

Aquela carta, que falava de fé, de esperança, de gratidão, foi como uma mensagem para mim. Com a ajuda Dele é mais fácil. Com fé é mais fácil. Eu sou uma pessoa de fé. Sou católico, não sendo devoto. Sobretudo gosto de ouvir e aprender com as pessoas que admiro, que elogio, que têm resultados.

Foi assim que decidi ir a Israel, berço de tantas religiões, para ter uma conversa com Ele. Senti que aquele tinha sido um sinal para finalmente ir ajudar os meus amigos israelitas.

Fiz as malas e apanhei o avião, rumo a Telavive. Não presenciei nenhuma das imagens que, durante anos, me impediram de fazer aquela viagem. Não vi um carro de polícia, não vi uma metralhadora, não vi militares. Foi uma das melhores viagens da minha vida. Estive em Jerusalém, em Nazaré, no rio Jordão, e por todo o lado encontrei um país fantástico, com praias lindas e pessoas super simpáticas.

Também estive em Belém, na Palestina, no sítio onde Jesus Cristo nasceu. Nesse sítio há uma igreja, um destino turístico frequentado por pessoas do mundo inteiro, de todas as religiões. E ainda assim se sentia o silêncio. Havia pessoas com lágrimas a cair pelo rosto. A energia, a vibração daquele lugar era arrepiante. Senti que aquele espaço tinha uma conexão com o divino, com algo maior que nós, qualquer que fosse a crença religiosa. Foi um encontro comigo, com a minha fé.

Bernard, o Master Regional, disse que teve dois momentos marcantes nos seus vinte e cinco anos de carreira. O primeiro foi uma viagem a Las Vegas, logo nos primeiros anos, onde contactou com a dimensão internacional da marca. O segundo foi a minha ida a Israel. Disse que havia um momento antes e um momento depois da formação que dei naqueles dias. A nossa relação ainda perdura, na gratidão mútua por tudo o que aprendemos.

Um dos ensinamentos que trouxe de Israel, e da carta lida por Fernando Santos, é que acreditar em algo que é positivo tem um efeito prático. Acreditar em algo que é favorável, construtivo, ajuda-nos a atingir os resultados que queremos, seja em questões de saúde, no negócio, ou em objectivos específicos.

A fé está muito ligada à esperança, ao acreditar em algo que ainda não vemos, em algo que ainda não aconteceu. Com fé, acreditamos que conseguimos, que é possível. E isso disponibiliza-nos recursos que, de outro modo, não conseguiríamos aceder.

Volto ao dia em que Portugal foi Campeão Europeu e sei que a decisão de partir foi, também para mim, um momento de mudança. A viagem a Israel foi um encontro com a fé, com a esperança, que o tempo passado não dispersou.