Estamos em casa

Estamos em casa
“Se soubermos que todos podemos ganhar, podemos juntos tomar conta desta grande casa e contribuir para o sucesso uns dos outros.”

Numa viagem a caminho da selva, ao chegar a Pucallpa, no Peru, ainda dentro do avião, dei por mim a pensar no seguinte fenómeno: quando dizemos «estou no quarto» ou «fui à casa de banho», não acrescentamos «em casa». Não digo «estou na cozinha, em casa» – basta-me dizer «estou na cozinha».

O mesmo acontece com a nossa localização. Posso dizer «estou em Pucallpa», posso dizer «estou no Peru», mas nunca digo «estou no planeta Terra».

Isto acontece porque o planeta Terra é a nossa casa. Posso estar em Lisboa, na Ericeira, no Porto, estou sempre em casa. Se estou no Peru, no Brasil, estou em casa. Enquanto vivermos no planeta Terra, estamos sempre em casa.

Em casa não atiramos lixo para o chão, não cuspimos para o chão. Em casa não fazemos uma sardinhada no meio da sala, porque não queremos ficar com o cheiro a sardinha a infiltrar-se no quarto onde vamos dormir.

Vivemos em casa, é ali que passamos tempo precioso com a nossa família, e por isso cuidamos dela.

Como seriam diferentes as coisas, se todos tivéssemos a consciência que este planeta é a nossa casa? A única casa que o ser humano conhece, o único sítio onde conseguimos viver, respirar, alimentarmo-nos.

Temos um planeta abundante – a Terra tem uma dispensa gigante com alimento que chega para todos, água e ar que chegam para todos. Se houver esta consciência de que enquanto estivermos na Terra estamos em casa, pode ser que deixemos de tratar mal o sítio onde vivemos e comecemos a cuidar do nosso planeta.

 

Se tivermos consciência de que estamos aqui de passagem, pode ser que não nos agarremos tanto às coisas, porque sabemos que tudo o que temos vai ficar para trás, junto com todo o lixo que produzimos no tempo que nos foi dado. Quando morremos não levamos nada connosco.

Mas enquanto vivemos temos o direito de ocupar uma parte deste planeta. Temos o direito de usar a superfície do planeta para viver – podemos ter terrenos, casas, apartamentos; podemos viajar até à selva, ao deserto ou à praia. Usufruímos dos bens que esta grande casa tem à nossa disposição.

Onde é que entra o mercado imobiliário nesta figura? Se és agente imobiliário, com os serviços que prestas vais ajudar as pessoas a mudar de uma divisão para a outra, do quarto do Algarve para o quarto de Lisboa, da sala da Avenida da República para a sala da Graça, sempre na mesma grande casa que é este planeta.

Se estamos todos na mesma casa, é mais fácil perceber que fazemos todos parte desta imensa família que são os seres humanos. Podemos, juntos, zelar para que a casa esteja sempre arrumada, limpa, que esteja sempre pronta a receber pessoas e garantir que há sempre espaço para mais um.

Olhar para o mundo no seu todo e acreditar na abundância é o primeiro passo para podermos cooperar sem medo de que não chegue para todos. Se soubermos que todos podemos ganhar, podemos juntos tomar conta desta grande casa e contribuir para o sucesso uns dos outros.