Tinha os meus 26 anos quando um amigo me convidou para o acompanhar à feira internacional de franchising de Washington. Na altura o franchising crescia em Portugal à medida que os shoppings iam aparecendo e eu trabalhava na área desde que tinha saído da faculdade. Como não ainda havia muita gente no meio, a minha experiência na área de restauração e de calçado destacava-se. O meu amigo queria explorar oportunidades de negócio nos Estados Unidos, mas não falava inglês.
Em Washington, percorremos quilómetros nos corredores da exposição, visitámos os stands e falámos com as pessoas – havia algumas marcas a querer expandir-se para a Europa e muitas oportunidades a explorar.
A certa altura chegámos a um stand onde o meu amigo parou, dizendo que queria investigar. Olhei para o logótipo gigante e disse-lhe «Isto deve ser uma empresa de balões de ar quente». O meu amigo riu-se e disse que era real estate, uma imobiliária, e que o negócio lhe interessava.
Devemos ter ficado ali uma hora a conversar com as pessoas da RE/MAX. Eles explicaram que ainda não estavam na Europa, mas que já andavam a selecionar parceiros para Espanha e para Portugal.
Eu não estava particularmente interessado – não tinha grande impressão do mercado imobiliário e estava longe de saber o quanto a RE/MAX já era uma marca reconhecida nos Estados Unidos. Mas o meu amigo, que tinha um negócio de construção no Algarve, bebia tudo o que eles diziam. Marcámos uma reunião para a manhã do dia seguinte, às 10h, no Sheraton.
Nessa noite, depois da feira, fomos à descoberta do melhor bife da zona. No restaurante, bebemos uma garrafa de vinho, depois outra, depois um digestivo. E quando o jantar acabou saímos para descobrir a vida noturna da zona. O que aconteceu era previsível: deitámo-nos muito tarde, dormimos até ao meio-dia e não aparecemos na reunião combinada.
Voltámos a Portugal e não pensei mais no assunto, e este episódio teria ficado esquecido, não fosse o caso de, passados dois ou três anos, eu ter mudado de casa.
Tínhamos comprado uma moradia na Ericeira e estávamos a fazer arrumações quando dei com um caixote marcado «Washington». Comecei a explorar o conteúdo e encontrei os cartões de visita das pessoas com quem nos íamos encontrar naquela reunião fatídica.
Fiquei em choque. Nessa altura eu já estava na RE/MAX há um ou dois anos e percebi que na reunião a que tínhamos faltado íamos encontrar as duas pessoas mais importantes da história da RE/MAX, as pessoas que revolucionaram a marca em todo o mundo: Walter Shneider e Frank Polzer. Anos depois desse encontro falhado, conheci os dois, e ficámos amigos.
Coincidências à parte, o certo é que se tivéssemos ido àquela reunião e nos tivéssemos lançado naquele negócio naquele momento, provavelmente tinha corrido mal. Diz-se que a sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade e naquela viagem eu não estava preparado nem atento às possibilidades. Hoje posso rir-me desta história porque sei que quando a oportunidade surgiu novamente, eu já estava mais equipado para a receber.