Um futuro para o sector imobiliário

Um futuro para o sector imobiliário
“Mas o profissionalismo, a ética e o respeito não vão ser suficientes. Eu acredito que o futuro do sector imobiliário está na cooperação.”

O futuro do sector imobiliário, tal como o conhecemos hoje, está em risco. Nas últimas duas décadas vimos a Uber conquistar o espaço nunca antes perturbado dos táxis, vimos a Netflix deitar por terra a Blockbuster e os clubes de vídeo de bairro e a internet a mudar radicalmente a forma como se vende música em todo o mundo.

A automatização já chegou à imobiliária em Portugal, e já está instalada nos Estados Unidos, no Brasil e em alguns países na Europa. Há empresas a desenvolver algoritmos que fazem a avaliação das casas, modelos que estimam o valor de um imóvel com base na informação disponível sobre as características, a idade, a vizinhança, as tendências do mercado e o histórico existente. Existem algoritmos que usam a inteligência artificial para fazer recomendações aos clientes com base nas suas preferências, à semelhança do que fazem as aplicações de música como o Spotify. Há algoritmos para automatizar tarefas e até para gerir e comunicar com os clientes.

A automatização e a inteligência artificial vão mudar a forma como trabalhamos e os próximos anos vão ser determinantes nesta mudança. Esta pode ser uma oportunidade de crescimento ou pode ser o princípio do fim da profissão do agente imobiliário tal como a conhecemos.

Se não conseguirmos prestar um serviço profissional, estabelecer a credibilidade de quem trabalha no sector, a alternativa irá ganhar terreno: o cliente vai poder comprar ou vender um imóvel recorrendo a uma aplicação, a uma plataforma digital inteligente que o vai ajudar a tomar a sua decisão.

Mas o profissionalismo, a ética e o respeito não vão ser suficientes. Eu acredito que o futuro do sector imobiliário está na cooperação. Vai ser a cooperação entre profissionais e entre empresas que vai permitir que a profissão cresça e se desenvolva mesmo nesta fase das tecnologias.

Se não queremos ser substituídos por algoritmos matemáticos ou pela inteligência artificial, a solução é juntar os nossos recursos. As plataformas digitais têm uma grande capacidade de processamento, mas usam os dados que estão disponíveis na internet, na nuvem, que têm um grau de fiabilidade relativo.

A RE/MAX produz informação com qualidade fortíssima, que é obtida por agentes preparados, na rua, no campo: há sempre alguém que conhece o bairro, o café, os transportes, a escola, que conhece a casa, a história, os vizinhos, e que humaniza todo este sector. No entanto, olhando para o sector como um todo, a informação produzida pelos profissionais da imobiliária é muitas vezes parcial, fragmentada, pelo facto de os profissionais não cooperarem uns com os outros e das marcas viverem de costas voltadas.

A cooperação foi um dos mecanismos que fez o ser humano sobreviver e desenvolver-se e até se tornar a espécie com maior impacto no planeta. Cooperar permitiu-nos sobreviver, caçar, defendermo-nos e protegermo-nos de outras espécies muito maiores e mais agressivas.

Se a RE/MAX e todas as outras marcas, grandes e pequenas, nacionais e internacionais, partilharem informação de qualidade, bem organizada, à semelhança do que existe nos Estados Unidos com o Multi Listing Service (MLS), não há nenhuma plataforma digital que possa chegar aos calcanhares do sector imobiliário a trabalhar em conjunto, unindo os seus esforços.