Durante anos venderam-nos a ideia de que na natureza impera a lei do mais forte. Víamos os documentários da National Geographic e aprendíamos que os animais e as plantas competem pelos recursos existentes: pelo sol e pela água disponível, pelo melhor solo para crescer, pelo melhor território para caçar.
Esta ideia não se limitou aos documentários sobre leões – a lei da selva passou a ser regra e tornou-se muito popular no mundo dos negócios.
Hoje sabemos que as coisas não são bem assim: a maioria dos organismos vivos precisa de cooperação – e não de competição – para sobreviver. Uma das razões para sermos a espécie dominante neste planeta é a nossa capacidade de cooperarmos uns com os outros para atingirmos um propósito comum.
A grande diferença entre a cooperação e a competição é a atitude. Nos grupos onde impera a cooperação cada indivíduo preocupa-se com os outros e todos se ajudam mutuamente. Nos grupos onde reina a competição, a eliminação de um indivíduo é vista como benéfica, porque aumenta a probabilidade dos outros ganharem.
A competição até pode resultar melhor para um determinado indivíduo, num determinado momento, mas a longo prazo a cooperação ganha sempre.
Os ecossistemas organizam-se para beneficiar o maior número de indivíduos, num equilíbrio entre os recursos e as espécies que deles dependem. Quando transpomos esta organização para o mundo dos negócios, ganhamos uma perspetiva singular.
Imagina que o ecossistema em que trabalhas inclui não só os teus clientes e os teus parceiros, mas também os teus concorrentes, todos os teus fornecedores, incluindo de tecnologia e informação, e as entidades que fazem as leis que regulam o negócio.
Imagina que esse ecossistema é formado pelas relações entre esses organismos e o contexto em que se inserem, e que todos esses indivíduos e entidades têm um papel no crescimento da indústria em que trabalhas. E que quando há uma perturbação, todo o ecossistema é afetado.
Quando evoluímos da perspetiva de nós contra eles , e passamos a ver como oportunidades as potenciais ameaças, podemos criar um ambiente colaborativo em que todos contribuem para melhorar as soluções existentes e para encontrar novas respostas aos desafios.
A maré alta eleva todos os barcos – todos ganhamos se colaborarmos para melhorar os padrões da nossa indústria, a forma como trabalhamos e como servimos o cliente.
Numa época em que tudo muda rapidamente temos que ser capazes de nos adaptar, mas se tivermos uma visão abrangente, a soma da perspetiva de todos os players, conseguimos não só adaptarmo-nos às mudanças, como prevê-las, e até influenciar a forma como elas acontecem.