Não parti ao acaso para a Amazónia. Sabia os riscos de viajar para o coração da selva e queria estar preparado se alguma coisa corresse mal. Antes de partir fiz o meu trabalho de casa e avaliei as ofertas disponíveis para poder escolher uma experiência em que sabia com o que é que podia contar.
Podia ter escolhido uma alternativa mais barata, mas não me pareceu a melhor opção numa viagem em que estava a pôr a minha vida nas mãos de alguém. Apesar dos meus amigos acharem que eu estava maluco, eu fiz esta viagem sabendo que estava nas mãos de gente que sabe o que está a fazer.
A equipa que nos recebeu tinha muita experiência. Apesar do medo da noite escura, sabia que ali por perto havia homens com espingardas prontos a defender-nos do perigo. Apesar da cobra que apareceu no último dia, com as chuvas que carregavam a corrente do rio, e que tentou apanhar um dos participantes russos, a equipa estava preparada com antídotos contra venenos e que sabia o que fazer se alguém fosse picado.
Na noite em que uma árvore caiu em cima de um dos tambus onde dormíamos, nada aconteceu, para além do susto. O tambu era robusto, construído de forma a poder levar com uma árvore em cima sem desabar em cima da pessoa que ali dormia.
Quando partes à aventura é super importante escolher bem a equipa que te acompanha e a estrutura que te vai acolher. Se numa aventura na selva há situações de vida ou morte, na selva urbana há situações que ditam a tua morte profissional quando fazes as escolhas erradas.
Numa aventura profissional, queres estar rodeado de pessoas com quem podes contar nos momentos difíceis, pessoas que te puxam para cima em vez de te arrastar para baixo, que te aceitam como és e te inspiram a ser melhor.
No mundo empresarial queres ter ao teu lado pessoas que sonham com as possibilidades em vez de se atolar nos problemas, que se focam nas aprendizagens em vez de apontar dedos e determinar vencidos. No teu trabalho, queres estar rodeado de pessoas que passam o tempo a fazer coisas, em vez de passar o tempo a falar das coisas que os outros fizeram ou deixaram de fazer.
Se decidires trabalhar num sítio onde não existe uma boa estrutura de base, um sistema de apoio e pessoas com quem podes contar, quando a árvore cai os danos podem ser irreversíveis. Se decides tornar-te empresário, mesmo que avances sozinho, nos momentos de dificuldade vais querer ter apoio de pessoas que sabem o que estão a fazer, que sabem qual foi a cobra que te mordeu, qual é o antídoto a dar e onde têm que fazer o garrote para que o veneno não se espalhe.
Nos momentos em que tens que enfrentar os teus medos, em que os desafios parecem grandes demais para os teus ombros, em que és posto à prova, não queres estar sozinho – queres estar com as pessoas certas, com pessoas em quem podes confiar.
Para crescer profissionalmente é preciso solo fértil e boa companhia – de nada serve ter luz, água e nutrientes se o solo à tua volta está infestado de plantas invasoras que pouco a pouco vão esgotar os teus recursos. Na tua profissão, como na tua vida pessoal, escolher as pessoas que vão estar ao teu lado é das decisões mais importantes que podes fazer.
