Quando nascemos o nosso cérebro é como um campo coberto de erva e à medida que crescemos vamos pisando aqui e ali, desenhando caminhos e clareiras. Enquanto damos mais atenção a umas coisas do que a outras, o nosso cérebro vai guardando essa informação e vão-se criando caminhos neuronais associados às atividades que repetimos regularmente.
Se já passaram pela experiência de ser conduzidos por alguém que tirou a carta há pouco tempo, ou se ainda se recordam das primeiras vezes que conduziram um carro, sabem como no início essa tarefa parecia complexa: ter de prestar atenção aos peões e aos outros carros, olhar para o espelho retrovisor, estar atento ao som do motor, pensar na mudança que é preciso meter a seguir, se é preciso pôr o pisca, etc.
Ao aprender algo de novo, estamos a abrir caminho numa zona inexplorada e o esforço é grande. Damos um passo de cada vez, em ações mais pequenas e com a prática, cada uma das tarefas se vai tornando automática. E há um dia em que entramos no carro e nem reparamos que já não precisamos do esforço e da atenção que as primeiras vezes que pegámos no carro exigiam.
Malcolm Gladwell disse que são precisas dez mil horas de prática para nos tornarmos especialistas em alguma área. Podem não ser dez mil horas, mas o tempo que passamos a executar uma determinada tarefa ajuda a transformar os caminhos neuronais em autoestradas.
Mas para criar boas autoestradas com os nossos neurónios, o tempo só por si não chega:
- não vamos muito longe se passarmos dez mil horas a praticar a técnica errada;
- não vamos muito longe se passarmos dez mil horas a aprender a coisa errada.
O momento mais perigoso de qualquer carreira é quando já aprendemos alguma coisa, já conseguimos automatizar algumas tarefas e já temos alguns resultados. Esse momento é o que distingue quem vai continuar a crescer e fazer o negócio crescer consigo de quem acha que já sabe tudo e que vai estagnar.
As pessoas que têm uma vida de sucesso são pessoas que prestam atenção. São pessoas que estão atentas à sua envolvente, às pistas do contexto, ao mercado, e conseguem antecipar necessidades. Estão atentas ao seu próprio desempenho e conseguem identificar quando é preciso criar uma rotina, mudar de estratégia ou intensificar o esforço. E estão atentas aos outros – numa carreira em vendas sabemos que de nada valem as técnicas avançadas se não soubermos prestar atenção a quem está à nossa frente.
E porque é difícil prestar atenção a tudo o que se passa em todos os momentos do dia, juntamos um propósito à atenção. Se soubermos o que queremos e começarmos o dia com uma intenção consciente de trabalhar para os nossos objetivos, ajudamos a nossa atenção a focar-se no que é mais importante. Dessa forma podemos selecionar o nosso esforço e desconsiderar as coisas às quais nós não queremos dar a nossa atenção, por serem tóxicas ou simplesmente por não contribuírem para os nossos objetivos.
A atenção é um dos instrumentos mais importantes da nossa caixa de ferramentas intelectuais e emocionais e não custa nada. A atenção aliada a uma intenção ajuda-nos a fortalecer os caminhos neuronais que nos levam onde queremos e a enfraquecer as ligações que não nos servem.