Numa altura em que a loja de Mafra vendia muito pouco, desafiei o Nelson Antunes para chefiar a equipa. Juntos, discutimos os objetivos e os números, num almoço memorável, no fim do qual o Nelson, ainda sem a certeza completa do que se estava a meter, definiu um plano para fazer o melhor ano de sempre da loja e chegar a 1 milhão de euros em faturação.
O primeiro passo para definir o plano de trabalho de um novo negócio é estabelecer objetivos: onde é que vamos estar ao fim de um mês, de um ano, de cinco anos? Ao definirmos o número para Mafra, um número nunca antes alcançado, a insegurança e as dúvidas que podíamos ter foram suplantadas pelo entusiasmo e pela vontade de acreditar que era possível.
Quando perguntamos a uma criança o que ela quer ser quando for grande, raras vezes temos respostas práticas. As crianças sonham: querem ser bailarinas, futebolistas ou astronautas. Mas ser «grande» implica ter contas para pagar ao final do mês, ter responsabilidades e pessoas que contam connosco.
O dilema em definir objetivos quando já somos grandes é sermos pequeninos. Se no momento em que passamos a ser «crescidos» paramos de crescer e deixamos de sonhar, corremos o risco de definir objetivos convenientes, que nos deixam confortáveis. Michelangelo disse «o grande perigo, para a maioria de nós, não é definir o nosso objetivo muito alto e falhar; é definir o nosso objetivo muito baixo e alcançar essa marca».
Saber onde queremos chegar dá-nos um rumo e ajuda-nos a focar, a dirigir os recursos, a dedicação e o esforço para o que interessa, mas sonhar alto cria uma motivação que une as pessoas em torno do objetivo comum. A loja de Mafra, no ano seguinte, faturava um milhão de euros e hoje em dia esse número já não assusta ninguém e tornou-se um primeiro passo para sonhos maiores.
A não ser que haja questões específicas a considerar, não limites os teus sonhos. Estuda o mercado, estuda os colegas que trabalham na mesma área, e aponta para as estrelas. É possível ser realista e ambicioso ao mesmo tempo.
Ao escolher o teu número, o teu ponto de chegada, sê audaz. Escolhe um objetivo que te dá um frio na barriga porque não tens a certeza absoluta de o conseguir atingir. Desafia-te, sente que para chegar lá vais ter que ir mais além, vais ter que expandir a tua zona de conforto, vais ter que crescer. Os objetivos pequeninos podem ser confortáveis, mas corres o risco de não sair do mesmo lugar, de não descobrir aquilo que és capaz de fazer, de conquistar.
Ter objetivos audazes, a longo prazo, ajuda-te a criar raízes que vão resistir aos ventos fortes que te puxam para os planos dos outros, e faz com que os obstáculos que aparecem no caminho deixem de ter importância em face ao objetivo maior. Sonhar mais alto leva-te mais depressa para os 35 mil pés, onde o voo é mais fácil, mais confortável e seguro.
Uma coisa é certa, ao criar um objetivo audaz, mesmo que não atinjas a meta definida, vais chegar mais longe do que se a tua meta for modesta, mais longe do que se te deixares ir sem saber onde queres chegar.